sábado, 5 de junho de 2010

A Paciência do Mineiro



Lá pro lado de Belo Horizonte tem uma rocinha que fica na beira da BR-040, estrada pro Rio de Janeiro. Todo dia, três mineirinhos amigos se acocoram no capim pra pitar um fumo de rolo. Uma tarde, passou um carrão em disparada, deixando um rastro de poeira e óleo diesel. Uma hora depois, um dos mineirinhos falou:
- Era um Ford...
Continuaram em silêncio, fumando um cigarrinho de palha, até que duas horas mais tarde, o outro mineirinho respondeu:
- Era não... era um Chevrolet.
Pitaram mais um pouco e três horas depois, o terceiro mineirinho levantou-se devagar, bateu a poeira da roupa e disse para os outros dois:
- Bão, eu vô imbora, porque detesto discussão.

Fonte: Piadas Online.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Moda Caipira - revivendo as tradições.

Uma das mais marcantes características do interior mineiro é a música caipira, também conhecida como música raiz. E algo que me chama muito a atenção é que, pelo menos por aqui, quem não gosta desse tipo de música, o respeita. Noto também que é cada vez maior o interesse dos jovens pelo estilo.




Música antiga, uma de minhas preferidas, é Berrante da Saudade. Não me lembro agora o nome do autor, mas quem quiser ver a letra clique aqui. Quem quiser baixar a música na voz de Pedro Paulo (meu amado pai) e Palinha clique aqui. Esta também era uma das músicas preferidas de meu pai, que muitas vezes, se emocionou ouvindo ela.

Outra música que ao ouvir me emocionei bastante, é a Caçada no Barreiro, música escrita pelo amigo da família Zezinho do Zé Beijo, quintinense que reside atualmente em Uberlândia. Foi escrita na casa de meu avô Esequias Caetano de Almeida, após uma caçada, em homenagem a ele. Meu pai contava que meu avô se emocionou muito na ocasião.

Homem do interior, sem instrução, não gravou a música. Mas de tão legal que ela é, não deixou de fazer sucesso, sendo gravada pelo primo Renato Caetano em seu mais novo CD. Ele e seu pai (Ronan Almeida) fizeram um dueto muito legal na música. Quem quiser baixá-la, clique aqui. 

Para quem gosta de música caipira e, ainda mais se conhecer ou for da família Caetano, recomendo ainda mais a música.

Sendo bem direto e sincero, o que mais me chama a atenção nestas músicas é a letra delas. Todas contam uma história com princípio, meio e fim. Retratam costumes, crenças e conflitos do mineirinho interiorano. As chamadas Modas de Viola, em especial, geralmente trazem uma lição de moral referente a condutas problemáticas. A exemplo, cito a música O Rei do Gado. Outras, como O Olho de Vidro, também trazem estórias que batem lá no fundo do que se aprende e se vive na vida.


Você também gosta deste estilo de música? Não? Se gosta, o que mais te chama a atenção? Se não gosta, qual é a sua crítica?

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Música: João Bobo

 Composição: Carreirinho / Zé Godoy





Conheci numa cidade a muito anos passados
Um bobo que andava rindo e o pobre era retardado
A molecada vadia não dava paz ao coitado
Por mais que dele judiasse nunca ficava zangado
Mais nem sempre um demente tem os nervos controlado
Vinte anos de chacota suportou neste povoado

Por quarto estudantes um dia João bobo foi rodeado
Ameaçaram lhe bater só pra ver ele zangado
João bobo pegou uma pedra e atirou num dos malvados
Seu agressor desviou tirou o corpo de lado
A pedra pegou em cheio no filho do delegado
E o pobrezinho morreu dali minutos passado

Aquele bobo foi preso pra mais logo ser julgado
No dia do julgamento foi surpresa pro jurado
Entrou pelo forum adentro um mocinho bem trajado
Apresentou pro juiz carteira de advogado
Terminando acusação o réu ficou arrasado
E o juiz deu a palavra ao mocinho advogado

Declamado

Meritíssimo juiz e senhores jurados
Meritíssimo juiz e senhores jurados
Meritíssimo juiz e senhores jurados

Silêncio o senhor não tem argumentos para defesa do réu

É neste ponto senhor juiz que eu queria ter chegado
O senhor não tolerou três vezes ser pronunciado
Chamando a sua atenção e dos senhores jurados
Vinte anos esse bobo suportou no povoado
Insulta de toda espécie e nunca ficou zangado
Ouçam a voz da consciência julguem senhores jurados

Cantado

Foi essa a primeira causa do mocinho advogado
Vitória bem merecida por ele foi alcançada
Ai joão bobo foi libertado

Encontrei um plágio dessa música aqui. O autor mudou um pouco a estória, e o nome dos personagens, mas o enredo é o mesmo.

sábado, 3 de abril de 2010

As maiada ou as marrom?


Certo dia um empresário viajava pelo interior e ao ver um peão tocando umas vacas, parou para lhe fazer algumas perguntas.
- Estou pensando em entrar para o ramo da pecuária será que você poderia me passar umas informações?
- Claro, uai!
- As vacas dão muito leite?
- Qual que o senhor quer saber? As maiada ou as marrom?
- Pode ser as malhadas. - Dá uns 12 litro por dia!
- E as marrons?
- Também uns 12 litro por dia! O empresário pensou um pouco e logo tornou a perguntar:
- Elas comem o quê?
- Qual? As maiada ou as marrom?
- Sei lá, pode ser as marrons!
- As marrom come pasto e sal.
- Hum! E as malhadas?
- Também come pasto e sal! O empresário, sem conseguir esconder a sua irritação, disparou:
- Escuta aqui, meu amigo! Por que toda vez que eu te pergunto alguma coisa sobre as vacas você me diz se quero saber das malhadas ou das marrons sendo que é tudo a mesma resposta?
E o matuto responde:
- É que as maiada são minha!
- E as marrons?
- Também são minha, uai!

Fonte aqui.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Casamento à Mineira

Não sei quem estava mais feliz, se era o casal, os pais ou os convidados. Transcendeu à normalidade”

Será que casamento mineiro é diferente de outros casamentos? Sim, é diferente. Neste fim de semana participei de um com todas as características das nossas Minas Gerais. O povo da cidade de Carmo do Paranaíba tem resistido ao tempo.



Carmo, com 30 mil habitantes, grande produtora de café de boa qualidade, bem projetada, com boa infraestrutura urbana, o melhor clima para se viver.  Mas não está na economia a sua maior riqueza, está nos princípios e nos valores da sua gente: a cidade é uma única família, não aceitam cobrança, desaforo ainda não se leva para casa, compadre é mais que parente. Estranho não pode falar da família, amigo de alguém da minha família é amigo de todos. Quem chega de fora e não respeita estes valores, não é excluído, apenas não é incluído. Parece ser a mesma coisa, mas não é. A inclusão é uma opção de quem chega, a comunidade é aberta, mas não abre mão de seus valores.

Outros valores são cultivados para contribuir com a melhor integração das pessoas; os títulos e o dinheiro têm valor relativo, não são o mais importante, o que predomina são as afinidades construídas pela convivência. São passadas de geração a geração. As amizades nesta comunidade ultrapassam várias gerações e são cultivadas, fazem parte do patrimônio das famílias, às vezes, mais importantes do que herança material. A família é lembrada em qualquer assunto como elo para resgatar uma convivência e fortalecer as raízes que se entrelaçam, indiferentemente da condição econômica.

Foi nesta comunidade que aconteceu o casamento, realizado em uma fazenda, aliás, em uma maravilhosa fazenda. A festa durou nove horas, música ao vivo, e o cantar dos convidados sobrepunha-se ao dos músicos. Pessoas de todas as idades conversando, rindo e cantando. Não sei quem estava mais feliz, se era o casal, os pais ou os convidados, transcendeu a normalidade. Todos se sentiram donos da festa, o amor da família foi compartilhado com os presentes, um momento criado pela bondade, quem participou saiu energizado, de bem com a vida.

Outro fato não menos importante foi a elegância, a decoração da festa, em uma fazenda centenária à beira de um lago, às 11 horas, homens e mulheres com traje a rigor, cumprindo o ritual de festa de uma corte, com classe, aliada a um ambiente de descontração, respeito e admiração. Momentos inesquecíveis aconteceram porque quem organizou e participou está inserido em um processo histórico que tem sido preservado ao longo dos tempos.

Todos temos nossos lugares, nossas raízes, nossas crenças, nossas amizades, nossos valores, os mineiros têm muito que contar e preservar, mas é necessário que haja pessoas como as desta história que queiram fazer um resgate das tradições e fortalecer a esperança.

Podemos dizer que a família, os noivos, realizaram não apenas os seus sonhos, mas de todos os que participaram. Todos saíram comprometidos e com a missão de ampliar os momentos vivenciados. O amor, quando compartilhado, torna cada um formador do todo e não apenas parte de um acontecimento.

E assim os mineiros vão se globalizando, mas de seu jeito, falando a seu modo e conservando os seus valores, cuja base é a família.

Autor:
Hélio Mendes
Prof. de Estratégia e Gestão
latino@institutolatino.com.br

Causo Mineiro

Mineirinho Caçador de Onça






O fazendeiro estava pagando R$ 300 para quem conseguisse pegar a onça que estava comendo os bezerros da fazenda. Apresentou-se o compadre, pobre, necessitado, e foi se oferecendo pro serviço. Magrinho, pés no chão, chapéu e cigarro de palha, lá foi ele mata adentro, levando na mão a foice de roçar, e na cintura a garrucha de dois canos. Certa hora deu de cara com a pintada. Estava muito perto para que ele pudesse planejar o ataque. Quando a “marvada” partiu em sua direção, largou de seus apetrechos e danou-se a correr. E a onça atrás... O fazendeiro estava sentado na varanda aguardando o cair da tarde, quando vê o “cumpadre” chegar correndo sendo perseguido pelo felino. Por sorte, na hora que a onça dá o bote, ele tropeça numa pedra e cai. A onça voou por cima e caiu no terreiro, bem em frente à porta do fazendeiro. Aí o mineirinho caçador de onça gritou:

- Sigura essa aí, “cumpadi”, que eu vô buscá mais outra!

Fonte.